Sinopse

Era uma amizade. Uma promessa. Eles ficariam juntos pra sempre, não importava o tempo que passasse. Ele foi embora, ela esperou. Mas os tempos mudam, as pessoas mudam. E as promessas? Ele resolveu voltar. Ela não é mais a mesma. E os dois, será que esse ainda existe?

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Provações


         - Ann, você está aí? – Era a voz da minha mãe. Eu não sabia o que dizer, o pânico começava a tomar conta do meu ser. Respirar era difícil e o chuveiro ligado era o único som que eu ouvia. Josh estava de olhos arregalados na minha frente e antes que eu falasse alguma coisa para ele, tapou minha boca, fazendo sinais de não com a cabeça. Aos poucos fui me acalmando, mas minha mãe continuava a gritar.
         - Annabeth! Responda-me! – Ela gritava.
         - Oi... Mamãe... – Eu disse depois que Josh destapou a minha boca. Movendo-me rápido, sai de perto dele, desligando o chuveiro, e me enrolei na toalha. – Já estou indo. – Fechei a porta do Box e corri para abrir rapidamente a porta do banheiro, saindo num salto para que ninguém pudesse entrar. Minha mãe e meu pai estavam parados na minha frente.
         - Onde você estava? – Minha mãe perguntava, num tom de voz alterado – E que bagunça é essa na casa?
         Lembrei-me então do que tínhamos feito na sala e por um momento quis berrar e me contorcer de frustração pela estupidez: tinha sido pega! Mas meu pai não aparentava preocupação como a dela. Resolvi perguntar.
         - Vocês foram à sala? – Eu tateei, tentando parecer calma e não esboçar culpa.      Foi meu pai que se pronunciou dessa vez.
         - Entramos pela garagem e passamos pelo corredor. Sua mãe viu que a sala estava de cabeça pra baixo e o DVD ligado. Ela subiu correndo para te dar um sermão – Ele dizia, sem animação – Eu só queria dormir um pouco, se é que me entende. A gente podia te fazer arrumar mais tarde, já ficou desarrumado por tanto tempo... – Eu não pude evitar de sorrir com a expressão do meu pai.
         - Quer dizer que não entraram na sala e nem em outros cômodos? – Eu questionei mais uma vez, eu já não sabia mais o que dizer e estava morrendo de medo que eles decidissem entrar no banheiro.
         - Não, Annabeth! Mas que fixação é essa por cômodos? O que você está escondendo? – Minha mãe retrucou.
         - O quê? Nada! – Eu falei rapidamente – É só que realmente tá uma bagunça e se você visse ia querer me matar, mas... – Eu saí andando e pegando roupas no meu armário. Fui me vestindo enquanto falava. Peguei uma calcinha e uma blusa comprida. – Eu vou arrumar agora mesmo! Viu, mãe? – Eu mantinha o sorriso no rosto, tentando não transparecer o nervosismo. Minha mãe me encarava com olhar desconfiado e meu pai bocejava.
         - Então eu posso dormir? – Meu pai perguntou, já se dirigindo pra fora do quarto.
         - Pode, papai! – Eu sorri e ele sorriu pra mim. Saiu do quarto e ouvi seus passos até a próxima porta, a qual ele abriu e bateu logo em seguida. Mas a minha mãe ainda estava lá, impassível.
         - Eu já to indo, mãe... – Eu fazia cara de poucos amigos, mas antes de sair correndo para pegar toda aquela bagunça antes que minha mãe visse que haviam roupas espalhadas pelo chão (e roupas masculinas!), eu passei a chave na porta do banheiro.
         - Pra quê isso? – Ela me perguntou. Eu me virei, por um momento sem saber o que fazer, mas eu não podia demorar muito a responder e falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.
         - A privada... Tá... Entupida. – Eu falava devagar, tentando organizar as ideias. – E eu não sabia... Comi muito chocolate e aí... Uhhh... – Minha mãe me examinava com os olhos estreitos enquanto eu fazia uma interpretação fajuta parecendo ter dor de barriga – E o entupimento não ajudou muito em toda a situação... – Eu sorri amarelo, tanto por fingir quanto por estar com vergonha dessa mentira ridícula que eu tinha inventado – Por isso, eu prefiro trancar enquanto não resolvo... Ok? – Eu finalizei calmamente. Por alguns segundos minha mãe ainda ficou me olhando como quem não entende metade e desconfia de tudo. Mas logo em seguida ela suspira e solta:
         - Contanto que você arrume aquela sala, eu já desisti de entender você!
         Eu sorri por ela ter acreditado e quando ela se vira para sair do quarto eu corro na sua frente para que ela não desça as escadas e tenha o risco de entrar na sala antes que eu possa retirar todas as provas do crime. Sei que ela grita algo comigo quando quase a derrubo passando pela porta, mas não olho pra trás. Desço as escadas como uma louca e sigo aos saltos para a sala, pegando primeiramente as roupas de Josh e depois as minhas, tentando enrolar tudo desajeitadamente nos lençóis que tinha deixado para a nossa tarde de filmes que acabou sendo muito melhor do que eu esperava. Olhar aquela sala bagunçada e cada detalhe dela daquele jeito me fazia lembrar cada minuto da noite passada e cada toque que Josh havia me dado. Meu corpo já se arrepiava só com isso. Eu estava tão perdida em pensamentos que não senti quando minha mãe chegou do meu lado.
         - Mas um furacão passou por aqui, não é? – Ela disse, me acordando. E com um susto eu soltei um grito. – Que foi, menina?
         - Nada, eu tava distraída e você chegou! – Eu falei, com hostilidade e, por instinto, apertando mais os panos próximos ao meu corpo, protegendo-os dela.
         - Está devendo, Annabeth? – Ela disse calma, com uma expressão inquisitória. Por um momento eu tremi na base, achando que ela já sabia de tudo.
         - Devendo o quê, mãe? – Eu tentei não transparecer todo o medo que tinha em minha voz e eu costumava ser boa naquilo. Por um momento minha mãe ficou parada, apenas me olhando, mas logo em seguida bufou, tranquilizando a expressão. Os olhos dela baixaram para a pilha de panos que estava em minhas mãos e eu percebi sua testa franzir em curiosidade. Ops! O que eu tinha feito para que ela fizesse aquela expressão?
         - O que é isso, Annabeth? – As mãos dela se moviam para pegar a camiseta bege aparente no meio dos lençóis. Antes de deixá-la puxar da pilha, porém, eu me afastei, protegendo a camisa em mim, em vão. Ela já ameaçava tombar, pendendo pelo meu braço e denunciando tudo. – É uma...
         - Regata, ué! – Eu interrompi, falando como se fosse a coisa mais natural do mundo.
         - Masculina! Eu sei que não é sua... – Ela disse e eu respirei fundo, olhando para o amontoado de roupas em meus braços. Por uma fração de segundo passou pelo meu cérebro contar tudo e aguentar as consequências de meus atos. Afinal eu era a rebelde, não? O problema em dizer a verdade era a possibilidade de perder Josh. A possibilidade de que minha família me impedisse de vê-lo com a frequência que necessitava, já que a escola não era exatamente uma opção – e isso era um problema que minha cabeça ainda estava tentando resolver.
         - É do Josh... – Eu falei, mordendo o lábio enquanto meu cérebro trabalhava como louco pela melhor desculpa – Ele veio aqui ontem, com o Connor... – Ela me encarava com os lábios separados e com o rosto de quem tentava engolir a desculpa. – A gente assistiu a uns filmes... Caiu refrigerante na blusa dele, do Josh! O Connor foi buscar outra em casa, pra ele trocar... E ele acabou esquecendo aqui, a que tava suja... Então, eu vou por pra lavar, ok?  - Eu ia sair andando em direção a lavanderia da casa quando minha mãe me puxou.
         - Podia devolver a ele logo, a casa dele é logo ali... – Ela me encarava como um detetive profissional. Eu bufei para disfarçar.
         - Não, mãe! Eu devolvo amanhã na escola... Limpa! – Embolei mais as roupas em minhas mãos para que mais nenhuma escorregasse – Não se preocupe ok? – Ela apenas acenou com a cabeça, em confirmação – Agora não é melhor a senhora ir dormir? Ter que aturar minha tia durante uma noite inteira não é nada legal... Eu sei! Vai lá, vai... – E então eu coloquei o meu melhor sorriso no rosto e segui direto para a área de serviço, sem olhar para trás, antes mesmo que minha mãe pudesse vir com mais perguntas que me incriminassem.
         Corri recolhendo tudo e arrumando todo o cômodo antes que minha mãe fizesse as contas de quantos copos tinham sido sujos, quantas colheres usadas... Se ela colocasse a cabeça para funcionar descobriria facilmente minha mentira, aquelas minhas desculpas estavam muito mal formuladas e lá no fundo eu tinha certeza que ela já sabia de tudo, só queria evitar confusão. Era melhor pra mim, ou não... Olhar para a cara da minha mãe nas condições daquela mentira fazia com que eu me sentisse suja. Não que me importasse realmente, afinal, eu não me importo com nada do que dizem e faço o que tenho vontade, não é verdade? Mas ainda que fosse difícil encará-la depois daquilo, não seria preciso, pois minha mãe jamais olhava pra mim com tal intensidade, a não ser que fosse para me julgar. Sempre fora assim e descobrir sobre suas mentiras quanto aos Hutcherson fez com as coisas piorassem.
         Ajeitei tudo na casa muito por alto, peguei as roupas de Josh e escondi sob as minhas, e então subi as escadas correndo, pois em momento nenhum eu havia esquecido que Josh me esperava dentro do banheiro, como veio ao mundo. Entrando no meu quarto, tranquei a porta do corredor e abri a do banheiro. Ele estava sentado no vaso sanitário, com as mãos apoiadas no queixo, o que me fez soltar um riso um tanto alto. Ele me encarou, sem pressa alguma, os olhos baixos. Parecia estar entediado.
         - Você ri, porque não é com você. – Foi tudo o que ele disse, o que me fez rir mais alto ainda. Tapei a boca para que a risada não me denunciasse. Ele se levantou de repente, com rapidez, me puxou pra junto dele e fechou a porta do banheiro, pressionando-me contra o seu corpo. Eu não conseguia deixar de rir, mas me desconcentrei quando senti seu nariz passear pelo meu pescoço e um suspiro quente me arrepiar por completo.
         - Você precisa ir... Eu inventei várias desculpas pra que não descobrissem – Sem querer me afastei dele e o encarei. Ele uniu as sobrancelhas, confuso. – Disse que você e Connor passaram aqui e assistiram a uns filmes comigo...
         - Quer dizer que Connor também tem que colaborar na mentira? – Ele tinha um sorriso de canto.
         - Eu não tive outra escolha, garanhão! Se você tivesse vindo sozinho, minha mãe me mataria. – Eu sorri também, porém mais contida. Tirei o que restava das roupas dele e dei em suas mãos. – Mas você vai ter que ir sem camisa... – Ele abriria a boca pra perguntar alguma coisa, mas eu não deixei terminar – Eu te explico depois, ok? Agora se veste logo e dá o fora daqui, antes que te peguem!
         E foi exatamente o que ele fez. Colocou a bermuda e os sapatos e eu o dirigi até a minha janela, obviamente ele não poderia sair pela porta da frente. Antes, porém, fui até o quarto dos meus pais, verificar se estavam mesmo lá dentro. Ouvi meu pai roncar, ele parecia estar mesmo cansado e entre um ressonar e outro percebi resmungos de minha mãe, provavelmente sobre mim. A barra estava limpa. Voltei para o quarto correndo na ponta dos pés e fiz um sinal para que Josh saísse. Ele me chamou com um dedo e eu suspirei com a demora, mas ainda assim fui até ele.
         - Vamos nos falar pela internet? – Ele perguntou.
         - É óbvio! – Eu disse, e sorri ao completar. Ele sorriu comigo.
         - Quero que vá ao colégio comigo amanhã! – Ele parecia querer continuar, mas eu não deixei.
         - Claro, claro... Agora vá!
         - Nos falamos depois, amanhã vamos juntos a escola! – Ele disse e eu só conseguia enxotá-lo para fora do meu quarto. Ele ainda ria, levando tudo na brincadeira. Passou pelo pequeno telhado e desceu pela grade de plantas. Olhei para os lados, me perguntando se algum vizinho estava observando, mas não havia ninguém aparentemente. Quando ele chegou ao chão, levantou os olhos e me mandou um beijo. Corei involuntariamente e mandei outro de volta. E com um sorriso tímido, ele virou as costas nuas e se dirigiu até sua casa.

         Acordar nunca foi tão bom. Há muito tempo eu não dormia tão tranquilamente quanto eu dormi naquela noite. Eu e Josh passamos o dia inteiro conversando pela internet, falando de coisas banais, falando das nossas vidas... Colocando em dia o tempo que perdemos como amigos e o meu dia havia sido incrível. Vez em quando ele passava pela janela, ao mesmo tempo que eu, e fazia caretas, para que eu risse e me distraísse. Éramos duas crianças de novo, aproveitando o tempo juntos como dois bobões.
         Dormi nas nuvens e não lembro se tive sonhos, mas se eles existiram com certeza foram sobre Josh e sobre como ele me fazia sentir tão bem, como há anos eu não me sentia. Era como ter oito anos de novo e não ter preocupações com a vida, ou com o futuro. Com ele eu só precisava ser eu, e eu de verdade... Não aquela que montei.
         Levantei-me com gosto e me arrumei da melhor forma que pude. Lembrando-me que ainda não havia resolvido meus assuntos com os meus (pseudo) amigos metade vampiros, coloquei uma roupa preta para não quebrar o clima e não ser o centro das atenções por uma mudança tão drástica tão de repente. Coloquei minhas costumeiras roupas pretas, mas a calça jeans escura junto à blusa da também escura e o tênis velho, não condiziam com o meu espírito naquele dia. Pra quebrar aos poucos, coloquei uma blusa azul “jeans” por cima, tentando dar um pouco de cor àquele look. Completei com alguns colares e um óculos e lembrei que Josh estaria me esperando na porta de sua casa para que fôssemos juntos ao colégio naquele dia. Eu não entendia porque era tão importante pra ele, mas eu não discutiria – não quando estávamos num clima tão amigável.
         Desci as escadas com pressa, pois já estava alguns minutos atrasada. Fui até a cozinha e peguei alguns waffles que minha mãe estava fazendo e que tinha deixado sobre a mesa. Não dei tchau, não falei nada, apenas acenei antes que ela pudesse começar algum discurso sobre o quanto o café da manhã é importante para que eu desperdice comendo correndo. Quando saí pela porta da frente, fui ajeitando a mochila no meu ombro e finalmente encarei o jardim verde da frente da casa dos Hutcherson e dei de cara com uma cena que me deixou de queixo caído. Eu sabia quem era a pessoa, é óbvio, nunca confundiria o rosto do meu melhor amigo, Josh – que com o passar dos anos não mudou em nada a não ser pela extrema definição que seu maxilar havia adquirido, deixando-o com o rosto de um homem. O que me surpreendeu foi a belíssima – e enorme – moto na qual ele estava encostado, posando como um astro de Hollywood. Meus pés foram se movendo mais devagar conforme eu me aproximava, eu ainda custava a acreditar. Aquele transporte reluzia sobre a luz fraca do sol da manhã, parecia ter saído direto da loja, parecia nova em folha. Ele me viu e tirou os óculos escuros, abrindo os braços para me receber.
         - Oh, não... A Morticia voltou! – Ele disse, ignorando o fato de eu ainda estar hipnotizada pelo ser de duas rodas atrás dele.
         - Você não me disse que tinha...
         - Uma moto? – Ele me interrompeu.
         - Um monstro a motor! – Ele sorriu com a minha expressão.
         - Eu trouxe de L.A – Ele se virou para a moto e passou a mão pelos assentos – Comprei há alguns meses... – Ele mordeu o lábio e voltou a olhar pra mim.
         - É linda – Eu falei, encarando-o pela primeira vez.
         - Obrigado! – Ele respondeu – Então, vamos? – Arregalei os olhos.
         - Vamos de moto pra escola? – Eu perguntei. Que estúpida pergunta, ele entendeu da mesma forma.
         - Não, eu a coloquei aqui na calçada pra tomar um ar, mesmo... – E em seguida deu uma gargalhada gostosa, fazendo seu “pomo-de-adão” se mover. Eu abaixei a cabeça, com vergonha da minha estupidez – Vem, sobe! – Ele completou, já passando uma das pernas para o outro lado da moto e colocando o capacete. Eu hesitei por um momento, nem eu entendia por que. Ele pegou o capacete sobressalente, do outro lado da moto e me deu. – Desistiu de ir pra escola?
         - Não, desculpe! – Eu voltei ao mundo, sorrindo. Peguei o capacete de suas mãos e coloquei na minha cabeça, enquanto me sentava na traseira. Segurei desconfortavelmente no apoio de mãos do carona e vi Josh virar a cabeça para trás para sussurrar.
         - Se quiser passar suas mãos pelo meu abdômen sedutor, eu não me importo! – Não pude controlar o riso, mordi o lábio e foi exatamente o que fiz. Prendi as mãos no seu corpo, segurando um pouco na sua camisa e também, para ficar firme. Eu sabia que, apesar de nada agradável, o apoio de mãos era a opção mais segura em caso de algum acidente, ou para evitar um. Mas eu não perderia a chance de sentir meu corpo tão próximo do dele. Nunca mais.
         Ele deu a partida e eu comecei a sentir o vento nos cabelos que não estavam presos no capacete. Não demorou muito para que chegássemos no prédio da escola e ele estacionou. E tudo o que eu mais temia aconteceu, e eu me esforçava para não notar. Ao descermos da moto, todos os olhos daquele pátio nos encaravam como se fôssemos aberrações de circo. Depois que Josh pegou sua mochila, seguimos andando, lado a lado – nada de mãos dadas, nem braços dados, nem se quer nos tocamos, apenas andando – até a porta da sala de biologia. Já que era nossa primeira aula de segunda, e a tínhamos juntos.
         Os alunos desta classe pareciam ter feito um pacto de ignorar nós dois, talvez por terem se cansado de especular tanto. Ninguém nos encarou, embora eu percebesse que volta e meia soltavam cochichos e alguns olhares escondidos em nossa direção. Não sabia por que justo naquele dia eu estava me importando tanto com aquilo. Já haviam passado algumas semanas e estávamos bem há algum tempo. Talvez fosse a certeza na minha cabeça de que estávamos mais do que bem, de que depois do nosso final de semana, éramos com certeza mais que amigos. O medo de ser descoberta por algo que eu não queria assumir (não queria?) transparecia no meu rosto, eu tinha até medo de que minhas mãos suassem. No fim da aula, nos despedimos e Josh sussurrou ao meu ouvido:
         - Voltamos juntos. Assiste meu treino?
         Eu não respondi em voz alta, apenas balancei a cabeça em concordância e ele saiu correndo em direção a próxima sala, nos poucos minutos de intervalo entre uma aula e outra. Eu permaneci imóvel, ainda pensando em tudo aquilo que estávamos começando a viver e aquele foi um erro enorme. Senti uma mão nas minhas costas e um barulho de isqueiro sendo ascendido.
         - Feliz com sua infância, Ann? – Me virei devagar, mas já sabia quem era. Lola tinha o mesmo ar de sempre, como quem não liga pra nada – o ar dos rebeldes. Eu me forcei para fazer a cara de poucos amigos que sempre soube dar, mas havia dificuldade. Eu não era a mesma.
         - O que houve, Lola? – Eu perguntei.
         - Ainda to tentando entender o que você tem com esse mauricinho! – O tom de voz dela foi mais forte, mais arrogante. Eu respirei fundo por dois motivos: para parecer durona e sem paciência e por não engolir que ela chamasse Josh de mauricinho. O segundo ela jamais iria saber.
          - Não tem nada entre nós dois. Quer dizer... – Eu engoli em seco, joguei o cabelo para o lado esquerdo – A gente tá se dando bem, só isso... Ele pediu desculpas pelas burradas que fez e ele é até legal...
         - Ele é um riquinho! Filhinho de papai! É isso o quê ele é! – Ela ainda tinha a voz alterada, eu já não me controlaria. Tentei manter a pose.
         - Não fala besteira, Lola. Ele é até legal, é meu vizinho... – Eu continuaria, mas ela me parou, colocando uma mão no meu ombro.
         - Até legal? Eu não to entendendo você, Ann! – Ela tirou a mão do meu ombro, mordeu os lábios, frustrada. – Todo mundo aqui é igual, lembra? – Eu lembrava. Lembrava-me do que pregava, do que acreditava. Eu estava mais do que confusa. – Na verdade, eu acho que você também... – Ela começava a caminhar para longe de mim. O quê? Ela achava que eu tinha sido corrompida pelo veneno daqueles imaturos? E por causa de Josh? Eram coisas que eu não poderia aceitar. Duvidar dos meus ideais e duvidar... Dele. Eu dei alguns passos em sua direção, para impedir que ela fosse embora.
         - Espera, Lola! Cara... – Eu parei por um momento, encarando seu rosto. Ela esperava o que eu iria dizer. – Eu sou a mesma! Eu to com vocês. O Josh não vai estragar os nossos planos de mandar essa escola se foder, tudo bem? – Eu falei. Devo ter sido convincente, porque ela baixou os olhos e suspirou. Em seguida voltou a me olhar, já com uma expressão mais divertida. Estremeci.
         - É a mesma, não é? Então veremos – O seu sorriso era diabólico enquanto ela sibilava aquelas palavras que fizerem um calafrio me correr pela espinha. Sempre que eles diziam nunca saía coisa boa – Sábado à noite: Racha dos Oito.

Primeira Vez


         Não olhei para trás enquanto subia as escadas com pressa e não conseguia controlar a risada. Por um momento imaginei aquela cena de fora, se ele estivesse correndo atrás de mim seria ainda mais engraçada. Os dois sem roupa, subindo as escadas como duas crianças... Abri a porta do meu quarto e quando ia fechá-la senti a força de Josh contra ela, abrindo-a e fazendo com que eu desse alguns passos pra trás. Eu ainda sorria e ele também, com as bochechas vermelhas ainda. Corri para a minha cama e sentei, me cobrindo com os lençóis.
         - Não lembrava que era assim... – Ele falou enquanto encarava o quarto todo, de cima a baixo.
         - Claro, você estava mais do que bêbado da última vez que esteve aqui dentro – Eu falei, soltando um sorrio e olhando aquele corpo nu parado na minha frente. Ele estava de costas e meus olhos acompanharam todo o desenho de suas costas, descendo até a curvatura de suas nádegas. Mordi o lábio ao perceber o quanto eram perfeitas e soltei um sorriso com aquele pensamento. Me deu vontade de apertá-las, mordê-las. Logo ele se virou de frente pra mim e me fez separar os lábios com o susto que a visão me proporcionou. Era... Diferente vê-lo daquele jeito ali tão próximo, e era um tanto desconfortável. Desviei o olhar para o seu rosto, mas ele já tinha notado e estava com um riso grande.
         - Vergonha? – Ele veio caminhando e sentou ao meu lado na cama – É sério que você está com vergonha? – Ele ainda sorria.
         - Eu? Com vergonha? Pfff... – Eu dei de ombros, tentando parecer descolada, mas ele ainda ria. Meu rosto devia me denunciar por completo, eu devia estar corada.
         - Você me intriga, Annabeth! – Ele soltou, pegando em meu rosto e acariciando levemente minha bochecha, fazendo-me olhar para ele.
         - Por quê? – Eu perguntei, realmente sem entender.
         - Parece que não liga pra nada e que já viu de tudo andando com aqueles... Rebeldes – Ele deu ênfase na última palavra e eu ri comigo mesma.  Ele continuou – Maquiagem pesada, grudada naquele garoto pelo corredor como se estivesse em casa, usando drogas... – Ele tinha começado a alterar a voz, mas respirou fundo antes de prosseguir – E ainda assim cora pelo simples fato de me ver nu... – Ele sorriu.
         - Mas Josh... – Eu ia tentar responder, mas ele me interrompeu:
         - Não creio que você seja tão pudica assim... Acabamos de transar! – Ele ria e deitou do jeito que estava, na minha cama, com as costas no colchão. Esforcei-me para não encarar aquele corpo estendido. Era informação – e tentação – demais para o meu cérebro. Na minha cabeça eu ainda buscava uma explicação para o acontecido, mas percebi que eu não precisava explicar nada.
         - Deixe-me com meu jeito, Joshua! – Eu falei, deitando ao seu lado – Eu tenho o direito de corar com o que eu bem entender.
         - Wow – Ele riu, e apoiou o cotovelo no colchão, deixando a cabeça repousar sobre sua mão. – E com o quê mais você cora, hein? – Ele disse rindo, se aproximando de mim. Senti suas mãos se levantando e eu já sabia o que ele iria fazer. – Com isso? – E num piscar de olhos ele começou com cócegas frenéticas que pareciam que não iam acabar nunca! – Eu já estava sem ar e me debatia como um peixe fora d’água, berrando para que ele parasse, mas aquilo parecia que só o fazia aumentar a intensidade da brincadeira. Meu rosto vermelho, meu corpo tremia. Eu acho que ele percebeu e finalmente foi parando, quando já estava por cima de mim e tinha seus olhos nos meus. Quando ele parou por completo, eu estava arfando, buscando o ar que me faltava e percebi seus olhos nos meus. Depois do primeiro contato, não consegui desgrudá-los. Ficamos um bom tempo nos encarando, apenas isso. Ele levou uma das mãos ao meu rosto, tirando o cabelo da frente dos meus olhos e acariciando levemente minha bochecha. Ele não expressava nada em seu rosto e eu muito menos. Apenas respirávamos, o silêncio da casa tomando conta de tudo. Até que ele começou a se aproximar e eu fechei meus olhos. O encontro de nossos lábios fez com que meu corpo estremecesse e aos poucos fui abrindo os meus, dando passagem para o beijo. Era calmo, era bom, fazia com que cada parte do meu corpo vibrasse em contato com o dele.
         Eu o senti se encaixar melhor em cima do meu corpo e separei um pouco as pernas, para que ele o fizesse com mais facilidade. E ele realmente o fez: posicionando-se entre elas, eu senti seu membro me invadir mais uma vez só que dessa vez muito lentamente, no mesmo ritmo do beijo. A sensação era indescritível, torturante e ao mesmo tempo inesquecível. Suas mãos desceram para a minha cintura e forçavam meu corpo no dele timidamente, os nossos lábios não se separavam um segundo sequer. Eu podia sentir cada centímetro de Josh entrando e saindo de mim com a maior calma do mundo e quando percebi tínhamos parado de nos beijar. Encarávamos-nos apenas, ele passava os olhos por todo meu rosto, como que o estudando. Eu não conseguia me controlar e piscava os olhos com certa lentidão em alguns momentos, mas eu não conseguia deixar e ter alguma visão de seus belos globos esverdeados. Segurei em sua nuca e comecei a acariciá-la, enquanto ele continuava a se mover e dessa vez aumentava os movimentos. Soltei um gemido involuntariamente e ele esboçou um sorriso. Ajeitou-se mais em cima de mim e começou a se mover, ainda devagar, porém com mais força. Vi Josh separar os lábios enquanto se concentrava e se movimentar em cima de mim, aos poucos ele começou a soltar gemidos baixos e espaçados, bem discretos.
         As mãos dele saíram da minha cintura e foram para os lençóis na cama, apertando-os com força enquanto continuava a se movimentar. Eu continuava com as mãos na sua nuca, porém com o tempo desci uma pras suas costas e comecei a apertá-las. Meu corpo começava a estremecer, eu sentia minhas mãos começarem a suar. Com os movimentos ficando mais fortes e mais algumas estocadas, senti Josh levantar um pouco o corpo e gemer rouco em cima de mim. Seu líquido me preenchendo, mais uma vez, senti que também estava mais molhada do que o esperado.
         Alguns segundos depois ele saiu de cima de mim, me cobrindo com um lençol e deixando apenas uma das mãos sobre a minha barriga. Ficamos um bom tempo em silêncio, e eu não sei quanto a ele, mas adormeci por um bom tempo. Quando acordei, ele ainda tinha a mão no mesmo lugar onde havia deixado e eu tentei me mover para sair da cama. Precisava ir ao banheiro. Quando tentava colocar os pés para fora da cama, ele me puxou com força, fazendo com que nossos corpos grudassem um no outro. Eu sorri.
         - Aonde você vai? – Ele disse, com os olhos fechados. Mordi meu lábio novamente, ele parecia incrivelmente bonito com a expressão cansada.
         - Eu só ia ao banheiro! – Eu disse, não me controlando e passando a mão pelo seu rosto. Ele suspirou e abriu um sorriso fraco, me deixando sair.
         Corri direto para o banheiro. Não pela vontade de fazer algum tipo de necessidade básica, mas porque eu precisava molhar um pouco o rosto e ver o meu estrago. Entrei e ascendi a luz, indo direto para o espelho. O cabelo bagunçado e o rosto parecendo um tanto cansado, mas algo que eu não conseguiria deixar de notar era o ar feliz que irradiava de mim. Parecia que mesmo sem sorrir algum tipo de alegria emanava de mim. Era visível, era quase palpável. Com os pensamentos eu dei um sorriso de verdade, me olhando no espelho e comecei a perceber que aquele ar meio acabado talvez me deixasse realmente sexy. Olhei para os cabelos e mordi o lábio inferior, ainda olhando para o espelho. Joguei grande parte dos fios para um lado só, deixando a franja cair em camadas sobre meu olho e sorri como eu, olhando de fora, eu podia até ser um pouquinho atraente em alguns momentos.
         Um pouco melhor por dentro, saí do banheiro do jeito que estava e caminhei até a cama. As luzes da rua faziam a pouca iluminação do quarto e percebi que Josh me encarava, com um meio sorriso nos lábios.
         - O que foi? – Eu perguntei com as mãos paradas na cintura.
         - Nada! – Ele sacudiu a cabeça, com um ar de riso. – Deita comigo de novo... – Ele pediu e não tinha como eu dizer não. Continuei o pouco caminho que faltava até a cama e me deitei ao seu lado, cobrindo-me com o lençol. Ele fez com que eu me ajeitasse em seu peito e ali deixei minha cabeça descansar. Sentia a respiração dele fazendo nossos corpos subirem e descerem juntos. Ficamos um momento em silêncio, até que ele cortou.
         - Ann, me responde uma coisa? – O seu tom era preocupado e eu comecei a me preocupar também. Por Deus, será que eu tinha feito algo de errado? Ou será que ele fez algo de errado e se arrependeu, querendo me contar tudo? Ou será que ele se arrependeu de tudo o que fizemos? Minha mente vagava longe, mas minha resposta foi curta:
         - Claro... – E esperei que ele perguntasse.
         - Essa... Não foi sua primeira vez, foi? – Ele perguntou, receoso. Eu respirei, não tão aliviada.
         - Não... Mas vocês garotos não conseguem saber isso? Sei lá, eu sempre achei... – Eu terminaria se ele não começasse a falar junto comigo.
         - Pouco me importaria, eu só consegui prestar atenção em o quanto era bom te ter em meus braços... Te sentir! – O comentário dele fez com que o silêncio se instalasse novamente. Ficamos assim por poucos segundos e pela primeira vez foi constrangedor.
         - Não... – Eu resolvi falar antes que acabássemos adormecendo novamente – Não foi a minha primeira vez.
         - Hum. – Ele disse e o silêncio voltou a reinar. Eu já estava ficando chateada porque o silêncio daquela conversa vinha me deixando deveras desconfortável. Eu via a necessidade de cortá-lo, mas não fiz. Talvez ele quisesse o silêncio, eu não seria uma chata que precisava falar toda hora.
         - Como foi? – Foi o que ele disse depois de alguns segundos.
         - Como foi o quê? – Eu sabia do que ele perguntava, mas precisava me certificar.
         - A sua primeira vez. Como e... Com quem? – Eu não ousaria levantar para encará-lo enquanto ele falava. O tom da sua voz começou a fazer com que eu sentisse até um pouco de medo. Ele me parecia um robô, repetindo coisas que ele não queria dizer. Ainda receosa, resolvi responder.
         - Foi há dois anos... Com o Alex – Eu falei e agradeci mentalmente pelo quarto estar escuro e não estarmos nos olhando.
         - Alex? – Ele perguntou e lembrei que ninguém o conhecia por aquele nome naquela escola.
         - Stinky! – Tratei de corrigir. Senti que ele sorriu pelo movimento de seu corpo.
         - Então o nome dele é Alex? Por que Stinky? – Ele parecia querer desviar o assunto e mais uma vez eu agradeci. Não gostava de me lembrar de certos momentos.
         - Tem a ver com a razão pela qual ele foi expulso da última escola. – Eu sorri ao lembrar – Ele fez o colégio inteiro ficar com mau cheiro, foi mais de uma semana para limpar tudo. Ah, isso e outras coisas... – Eu suspirei ao fim da explicação rápida. O corpo de Josh estava imóvel e eu não conseguia imaginar que reação ele poderia estar tendo.
         - Então ele foi seu primeiro... – Ele falou. O assunto tinha voltado. Meu corpo ficou rígido como uma pedra, até respirar me pesava.
         - Sim e talvez seja melhor mudarmos de assunto...
         - Não quer falar disso? – Ele retrucou – Por quê? Sabe que somos amigos...
         Eu fiz silêncio por um momento e ele tinha razão. Poderíamos falar de tudo, éramos os melhores amigos ou pelo menos estávamos tentando ser – indo por um caminho completamente desconhecido pra mim, mas...
         - Não era o que eu queria... – Eu comecei. – Não que tenha sido ruim, mas... Sabe como são as meninas com essa história de primeira vez...
         - Mas você não é como as outras – Ele disse, e pela primeira vez senti seus olhos me encararem. Ele tinha apoiado mais uma vez o cotovelo na cama e sua cabeça em sua mão.
         - É! Eu não sou... – Sorri ao pensar que estava me contradizendo cada vez mais.
         - Pode falar... A não ser que seja muito difícil. – Ele me encarava com ternura o que me fez confiar nele. Eu sempre soube que podia, mas parecia que naquela hora ele se importava comigo.
         - Foi numa festa – Eu respirei fundo – Ele tinha bebido um pouco além da conta e eu também. Eu fiz no impulso e foi... Bruto, ele não se preocupou se era a minha primeira vez ou não... – Mordi meu lábio com a lembrança – Doeu muito, na hora e depois... Depois não por eu ter tido a primeira vez, nem por ser ele, só... Eu queria que tivesse sido diferente... – Não notei, mas já mexia nas minhas próprias mãos – Eu sabia que pra ele não tinha sido especial, nem pra mim... Foi só mais uma. - Baixei os olhos pros meus dedos que já se contorciam uns com os outros – Mas eu não sou como todas as garotas, por isso eu segui em frente e esqueci...
         - Vocês transaram de novo? – Ele nem esperou que respirasse, jogou a pergunta com rapidez e eu tive que parar um segundo para assimilar.
         - Sim, algumas vezes... Nós nos tornamos meio que... Amantes – Eu abaixei a cabeça mais uma vez, não queria que ele lê-se nos meus olhos o que eu estava pensando. Às vezes eu me sentia extremamente decifrável com Josh. – Mas só com ele... Não tive outros parceiros.
         O ar era pesado, eu nunca tinha contado aquilo para ninguém, eu sempre guardei para mim mesma. Josh era a primeira pessoa para qual eu me abrira com aquele acontecido dessa forma tão... Verdadeira. Ele continuava a me olhar, eu sentia, e resolvi encará-lo. Ele não tinha expressão e isso me frustrava. Às vezes parecia que eu não conseguia lê-lo como ele me lia.
         - Esquece isso então – Ele sussurrou, esperava algo mais alto, mas o tom de voz dele fez o clima perfeito. Sua mão passou pelo meu rosto e desceu até meu pescoço, pousando ali e me fazendo carinhos. – Finge que fui eu, ok? A sua primeira vez... Você concorda?
Eu não precisei responder para ele saber que sim. Foi quando senti uma luz mais forte começar a invadir o quarto e percebi que o sol estava nascendo. Me virei para a janela e Josh fez o mesmo, se encaixando de conchinha no meu corpo.
- Não sabia que já era tão tarde... – Eu disse.
- Cedo! – Ele corrigiu e nós dois rimos da piada idiota.
E ficamos como dois idiotas assistindo o sol subir tão devagar no céu, envoltos em nossos próprios pensamentos. Eu não sei o que ele estava pensando, mas sempre saberia que eu não conseguia parar de pensar em o quando eu queria que fosse verdade. Que essa tivesse sido a minha primeira vez, porque essa foi exatamente da forma que eu imaginei. Eu sabia que se Josh tivesse ficado por aqui seria com ele... Bem, tudo indicava que sim. Nós cresceríamos e faríamos aquela espécie de pacto, como foi com nosso primeiro beijo. Como fazíamos com as frutas das árvores do parque, sempre provávamos os dois juntos pra saber se estavam boas. Teria sido assim até hoje, experimentando o novo juntos, crescendo juntos. Aquilo até me fazia sentir um pouco de raiva, novamente, por ele ter se mudado, mas quando Josh me afagava com um cafuné na nuca, me fazia esquecer tudo o que tinha acontecido e só me lembrar dos momentos bons.
Quando o sol já estava firmado no céu, eu decidi que estava cansada de ficar – não nos braços de Josh – naquela cama.
- Preciso tomar um banho! – Eu falei e senti a risada abafada de Josh na minha nuca.
- Sabe que é uma ótima ideia? – Ele disse e antes que eu pudesse gritar um “não” eu senti suas mãos passarem pelo meu corpo e ele já estava de joelhos na cama, comigo no colo. Ele tinha uma destreza incomparável para me segurar e quando vi, ele já estava de pé a caminho do meu banheiro. A porta entreaberta, ele empurrou com os pés e entrou comigo no local, fechando a porta e trancando, logo em seguida me colocando no chão. Eu mordi meu lábio e, percebendo que já estávamos nus, entrei no Box. Ele tinha uma banheira e um chuveiro, e sempre fora ótimo ter a opção dos dois tipos de banho, ainda mais agora. Mas não fui eu que escolhi.
         Josh entrou no espaço minúsculo, abrindo o chuveiro com uma mão e me grudando na parede com beijos no pescoço. Bati levemente com a cabeça no azulejo, mas não liguei, era muito bom sentir os lábios de Josh me explorarem com aquela vontade. Estava na ponta dos pés, sentindo a língua dele passar pelo meu pescoço e respingos de água que batiam nas costas dele molharem a minha pele quente da cama. As mãos dele foram direto aos meus seios, apertando-os com vontade enquanto continuava a mover a boca em meu pescoço. Minhas mãos foram direto a sua nuca, apertando seus cabelos molhados enquanto os gemidos escapavam da minha boca involuntariamente. Os lábios de Josh, então, desceram pelo meu colo e sem demora abocanharam meus seios, me fazendo curvar as costas, projetando meu corpo para frente e me fazendo morder os lábios. Dessa vez ele já havia começado com volúpia, mordendo e excitando os mamilos com os dentes e a língua. Meu corpo todo se arrepiava. Eu apertava sua nuca como se não fosse aguentar e fazia com que ele aumentasse a intensidade dos chupões, enquanto alternava de um seio para o outro. Quando desci uma das mãos pelas suas costas, o senti fazer o mesmo com a mão livre, descendo pela minha barriga e indo direto para a minha região íntima.         
         Gemi quando senti seus dedos em contato com a minha intimidade. Ele utilizava um só e passava por toda ela, separando os lábios e fingindo que vai introduzi-lo, porém não o faz. Como era torturante, e mais ainda, aquela brincadeira estava me fazendo pensar em como seria a sua língua no lugar daqueles dedos. Até ter minha imaginação cortada pelo dedo médio de Josh entrando com toda força na minha região, fazendo com que eu gritasse. Ele sorria.
         - Adoro te ver assim... – Foi o que ele sussurrou e voltou a beijar meu pescoço enquanto movia seu dedo, me fazendo afastar as pernas e perder as forças das mesmas. Era uma delícia como ele conseguia movimentar um deles dentro de mim e com o polegar me excitar mais ainda, por fora. Eu estava na ponta dos pés, tentando me conter, mas os gemidos já saíam altos quando ele enfiou mais um dedo, me fazendo jogar a cabeça ainda mais pra trás e me contorcer na sua mão. Comecei a sentia a água molhar o meu corpo e comecei a me movimentar inconscientemente naqueles dedos mágicos. Alguns momentos depois, ele parou e começou a me encarar. Ele sorria, pois eu provavelmente estava com os cabelos meio molhados e a expressão de êxtase.
         - Você não vai parar agora – Eu disse, puxando-o pra mim, colocando um braço em cada lado de seu ombro para servirem como apoio. Sem pensar duas vezes, eu pulei direto em seu colo e segurei com as duas pernas em seu tronco. Posição perfeita. Ele segurou com firmeza em meus glúteos, posicionou seu membro e penetrou mais uma vez, com força. Eu gemi alto, tombando a cabeça pra trás e ele me encostou na parede novamente. Com suas mãos me movendo, ele me fazia subir e descer com destreza e seus olhos não saíam de mim. Minhas mãos voltaram ao seu cabelo e eu comecei a gemer para ele, com os olhos bem abertos, querendo ver cada reação. Nos encarávamos daquele jeito, ele entrando e saindo de mim numa velocidade relevante, minhas costas arrastando na parede molhada. Eu podia ouvir o som de tudo, misturados ao meus gemidos e ao arfar dele.
         - Adoro que você olhe pra mim – Ele disse, e eu sorri, mordendo o canto da boca. Ele jogou a cabeça pra trás, ainda se movimento, com um sorriso safado no rosto – Não faz isso, minha linda... – Ele dizia, enquanto voltava com o olhar para o meu. Eu sorri entre um gemido e outro – Pensando bem, faz de novo? – Ele agora sorriu de canto e eu respondi ao seu pedido, repetindo. Foi aí que ele soltou o ar de verdade – Você me enlouquece, Ann... – E começou a se movimentar mais rápido ainda. Minhas mãos apertavam com força agora, seus cabelos, paradas em só um lugar. Eu não conseguia ter reações, então fechei os olhos e trouxe o rosto dele para o meu pescoço. Agora ele ofegava na minha orelha o que me fazia gemer mais grudada em seu ouvido, coisa que o estimulava muito. Minhas costas na parede, meus seios no peito dele, eu sentia a água escorrer pelos nossos corpos e aquele banheiro já estava absurdamente quente. Eu já não sabia o que eram gotas do chuveiro ou de suor, eu só queria senti-lo, movendo-se dentro de mim. Até que ele apertou minhas nádegas e o senti forçar sua pélvis contra mim. Foi o máximo para que eu conseguisse perder os sentidos por alguns segundos e também senti-lo, mais uma vez, se derramar dentro de mim. Estávamos cansados, pois não saímos daquela posição quando acabamos. Ficamos um bom tempo ali, apenas abraçados, e eu nem faço ideia de quanto tempo foi. Quando resolvemos nos mexer, ele afastou seu rosto do meu e me deu um selinho demorado. Era como se o mundo fosse abafado com o som de nós dois, nos amando no banheiro do meu quarto. Porém nem todo amor do mundo foi suficiente para abafar o som de uma porta sendo aberta e de passos se aproximando.
         - Ann, você está aí?

Fazendo Durar


            E quem diria que ali chegaríamos. Há duas semanas, se me perguntassem sobre Josh eu provavelmente amarraria a cara e iria para longe do inconveniente. Pois é bem o que dizem, e eu nunca necessariamente neguei: que a raiva é somente uma forma de esconder um sentimento mais profundo. No meu caso, a mágoa de ter sido abandonada pela pessoa que mais me importava no mundo. Mas agora estávamos eu e Josh juntos novamente, como sempre fomos. Bem... Não exatamente da mesma forma.
         A semana passou comigo e com o Josh felizes. Não passamos muito tempo juntos na escola, até porque não tínhamos muitas aulas juntos e eu ainda tinha um problema a resolver. Eu tinha outros amigos e ainda não estava disposta a fazer como quando mais nova, onde eu me excluía do mundo e confiava toda a minha amizade a Josh. Apesar de controversos, Lola, Alex, Gordo e Bafo eram pessoas legais e que nunca me deixaram na mão e nos anos em que Josh esteve fora, eles me acolheram e me fizeram dar alguns sorrisos – ainda que não fossem genuínos.
         Pois ficamos assim: Na escola, nos encontrávamos quando era possível, mas voltávamos para casa juntos todos os dias e passávamos um bom tempo no meu portão ou no dele, conversando. Volta e meia o assunto sempre chegava no momento em ele, e eu não podia negar que eu também, esperava. Sábado. O dia em que meus pais viajariam e eu ficaria em casa sozinha, e havia convidado Josh para assistir a alguns filmes comigo. Era o momento em que poderíamos ficar sozinhos e privacidade era tudo o que eu queria naquele momento. A única coisa que martelava mais na minha cabeça, mais do que a ansiedade para o final de semana, era a ideia de que eu não sabia bem o que eu e Josh éramos. Na verdade, duvidava até mesmo que ele soubesse. Não havia um pedido oficial, mas as vezes nos sentia como namorados. Ainda assim, não nos beijávamos na frente dos outros e não andávamos de mãos dadas, cheios de chamegos, por isso eu esquecia a ideia desse tipo de relacionamento. No fim das contas, a única coisa que eu tinha certeza – e me importava – era da nossa amizade. Éramos sim, amigos de verdade e nada disso podia ser contestado.
         Depois de muito esperar, finalmente era sábado. Meus pais seguiram para Connecticut, visitar uma tia doente, às 2 PM e exatamente assim que eles puseram o pé para fora, eu comecei a preparar as coisas para receber Josh. Preparei pipoca, comprei chocolates e doces, separei os refrigerantes e copos. Ajeitei a sala, afastando o sofá e deixando um espaço cheio de almofadas para que deitássemos no carpete. Deixei os DVDs de filmes em cima da mesa, comédias: Professora Sem Classe, Passe Livre, Gente Grande... Assim que vi o ambiente arrumado, corri para tomar meu banho. Já havia lavado o cabelo, então amarrei em um coque e tomei meu banho da forma mais especial. Passei óleos, sabonete especial e depois hidratante, pelo corpo inteiro. Olhava-me no espelho e sempre me sentia absurdamente sem graça, eu não sabia mais o que fazer. Estava arrumada, hidratada, depilada e perfumada e eu ainda não me sentia nada atraente.
         Depois de quase mais de meia hora só pensando, resolvi desistir. Coloquei um short curto de cintura alta, uma blusa curta e uma camisa quadriculada por cima. Calcei os sapatos e quando dava os últimos retoques no cabelo, ouvi a campainha tocar. Era ele. Comecei a tremer involuntariamente. Respirei fundo e corri escada a baixo, abrindo a porta com rapidez. Ele sorria, com as mãos no bolso. Tirou os óculos e coçou a cabeça assim que entrou. Não falamos nada, apenas sorríamos. Eu fechei a porta atrás dele e quando me virei para entrar ele estava bem atrás de mim, e me roubou um selinho. Continuei sorrindo.
         - Que filmes você tem pra mim hoje? – Ele perguntou e eu sorri, pegando em sua mão e o levando para sala, onde tinha deixado os potes fechados de tudo o que comeríamos naquele dia. Ele sorriu.
         - Parece delicioso – Foi apenas o que ele disse, me abraçando por trás.
         - Que tais se comermos e colocarmos o primeiro filme? – Eu perguntei, virando-me para ele e mexendo em sua gola.
         - Acho válido – Ele deu um riso tímido e me deu outro selinho, me fazendo corar involuntariamente.
         Sentamos os dois juntos e ele tirou os sapatos antes de colocar os pés em cima das almofadas. Resolvi que não seria uma boa ideia ficar de sapatos também, já que, acima de tudo, estavam me deixando desconfortável. Tirei-os e segui engatinhando até o aparelho para colocar o primeiro filme. Escolhemos Gente Grande. Ao sentar de novo, Josh deitou em cima de algumas almofadas e pediu para que eu deitasse com ele. Encostei a cabeça em seu peito e ficamos os dois juntos, assistindo. Eu acariciando-o por cima da camisa e ele me fazendo cafuné. As nossas respirações andavam juntas e era confortável estar em seus braços.
         Quando o filme já estava em seu final, resolvemos levantar e comer um pouco. Atacamos a pipoca, fizemos briga com a mesma e rimos muito. Perdemos o final do filme, mas não nos importamos. Enquanto os créditos passavam, Josh pediu para ir ao banheiro. Esperando-o, fui até o meu quarto e peguei um maço de cigarros que estava guardado e um isqueiro. Desci tão rápido quanto subi e ele ainda não havia voltado. Ascendi então meu cigarro e traguei um pouco, foi quando ele voltou. Parou ao meu lado e ficamos em silêncio. Eu continuava levando o cigarro a boca e soltando baforadas no nada, e percebi que o olhar dele estava em mim.
         - O que foi? – Perguntei, enquanto apoiava a mão com o cigarro na perna que estava levantada, na posição em que estava sentada.
         - Ainda não acostumei com você fumando – Ele sorria e fez carinho no meu braço ao dizer isso.
         - Ainda acha que sou inocente, como você me deixou há sete anos? – eu levantei uma sobrancelha e dei mais um trago no cigarro que estava na minha mão.
         - Inocente você nunca foi, Senhorita Carlson. – Ele se aproximou de mim e me beijou o pescoço. Respirei fundo e mordi meu lábio. Estava arrepiada. Ele parou então e tomou o cigarro da minha mão.
         - Ei! – Eu reclamei. Não acreditei que ele iria mandar no que eu fazia ou não da minha vida agora. Mas me enganei, ao invés de jogar pela janela, ele pegou o cigarro e levou a boca, tragando como um fumante de 50 anos.
         - Me dá um trago, por favor... – Ele falou e continuou fumando do meu cigarro. Não conseguia nem falar algo em resposta, era bem estranha aquela situação. Ele riu de mim e me acordou com mais perguntas – O que é? Acha que eu nunca fumei? Acho que eu não bebo? Acha que eu não transo? – Ele disse a última frase descendo a mão pela minha barriga. Eu ri mais alto e tomei o cigarro dele, levando-o a boca.
         - Para de graça – Ele se afastou de mim e nós dois ainda ríamos – É que as vezes até eu mesma fico pensando se deveria mesmo fumar... – Eu dizia, olhando para o meu cigarro.
         - Faz mal a saúde, é claro... – Ele falou e eu concordei, sem olhá-lo – Mas você fica extremamente sexy, sabia? – E aquele complemento me fez encará-lo. Olhando-o de lado, levei o cigarro à boca mais uma vez e soprei a fumaça, sorrindo. Ele riu e se aproximou novamente, tirando o cigarro da minha mão e apagando num dos enfeites que minha mãe tinha em cima da mesa. Eu ri com a atitude, mas voltei a encará-lo, já que era impossível não fazê-lo, com aqueles olhos tão lindos em mim.
         Ele foi me deitando sobre as almofadas e ficando por cima, enquanto apenas me olhava. Meu coração palpitava acelerado e eu não conseguia me mover. Com cuidado e dificuldade passei meus braços por cima de seus ombros no momento em que ele fez com que minha cabeça encostasse no solo macio. Ele sorriu com carinho antes de juntar nossos lábios com um selinho, aos poucos movendo a boca, iniciando um beijo de verdade. As mãos dele, que já estavam na minha cintura, começaram a passear por aquela região, me fazendo arrepiar. Minhas mãos foram para o seu cabelo, puxando-o devagar enquanto ele movia os lábios nos meus, passando a língua na minha de uma forma tão calma que começou a me irritar um pouco. Puxei o corpo dele com a perna, fazendo com que grudasse completamente no meu e ele respondeu, puxando a minha cintura do chão para cima. Eu podia sentir cada centímetro do seu físico em contato com o meu o que me fez puxar sua cabeça e deixar o beijo mais ardente, me separando logo em seguida, no susto. Ele me encarava.
         - Pra quem achava que eu era absurdamente sexy com um cigarro na mão, você está indo bem devagar, marujo! – Eu falei, segurando em sua nuca e com uma tentativa de voz sexy.
         - Então quer dizer que você gosta das coisas mais... – Ele parou por um segundo, buscando a palavra certa – violentas? – Ele riu e eu ri junto.
         - Eu não disse isso... Na verdade... – Eu tentei continuar, mas ele não deixou. Abaixou o rosto até o meu ouvido e sussurrou:
         - Não diga que eu não avisei – E com um riso abafado mordeu a pontinha da minha orelha, fazendo com que todo meu corpo de arrepiasse. De uma vez ele começou a beijar e passar os lábios pela região, e eu apenas segurava em sua nuca, me contorcendo com as sensações que aqueles carinhos simples me davam. Ele puxava vez em quando, descia os beijos pelo meu pescoço, deixando chupões não tão fortes pela região e voltando para suspirar no meu ouvido, enquanto eu soltava alguns gemidos tímidos, não conseguiria me controlar. As mãos dele brincavam na minha barriga e os dedos se moviam conforme sua boca trabalhava. Foi num puxão de cabelo mais forte que o fiz se separar de mim e ele foi direto a minha blusa, puxando-a pra cima e tirando de uma vez, jogando para o lado. Após o feito, ele me pegou pelas costas com firmeza e me colocou em cima do sofá, se encaixando entre minhas pernas. Estava muito extasiada pra saber como ele havia feito aquilo e não tive tempo para tentar pensar. As mãos dele vieram direto em meus seios e apertaram com força por cima do sutiã e sem muita demora ele levou a boca ao mesmo local e começou a brincar com seus lábios e sua língua na curva dos mesmos. Eu tombei minha cabeça para trás e prendi o corpo dele com as minhas pernas no sofá. Senti suas mãos subirem pelas minhas costas e abrirem meu sutiã e eu estiquei os braços para que ele pudesse tirá-los. Sem demora ele voltou com a boca e com as mãos para os meus seios agora descobertos. Com destreza, ele segurava um com uma mão enquanto lambia o outro, passando a língua em volta dos mamilos e puxando-os com os lábios ao fim, e com isso trocava para o outro seio que há pouco estava sendo acariciado. Eu tinha a cabeça para trás, os gemidos começavam a sair mais altos da minha garganta e minhas mãos apertavam a cabeça de Josh em meus seios pedindo para que ele não parasse nunca com aquilo.
         Suas mãos desceram pelas minhas costas e chegaram até o meu short, já com a intenção de puxá-lo para baixo, mas eu o impedi. Inclinei meu corpo para frente e deixei minha boca ir de encontro ao seu pescoço. Senti que ele sorriu e eu comecei a beijá-lo, enquanto pegava a barra da camisa e começava a subi-la, para tirá-la, sem parar de mover meus lábios, sem medo de deixar marcas em sua pele branca. Eu passava a língua levemente e fechava os lábios no local, subindo logo em seguida em direção a sua orelha. Vez em quando sentia que ele arfava em minha orelha, o que me dava mais estímulo para continuar. Dessa vez, colei nossos corpos, sentada mesmo, ficando bem na altura de sua intimidade, deixando-as em contato. Eu podia sentir o quanto seu membro estava enrijecido por cima da calça. Quando consegui tirar toda a sua regata depois de tanto enrolar, ele me puxou com as mãos espalmadas em minhas costas e deu um beijo em cada um dos meus seios, me fazendo afundar o nariz em seu cabelo, sentindo o cheiro do perfume suave de seus fios. Ele seguiu as mãos até o meu short e, enquanto ainda tinha o rosto em meu peito, dedilhou até a parte da frente, abrindo meu cinto e logo em seguida o short. Empurrei-o um pouco, para então conseguir abaixar meu short com mais facilidade do que ele o faria comigo sentada. Jogando-o no chão, peguei Josh olhando-me, quase a salivar. Ele encarava minhas coxas e subia o olhar para a minha calcinha que era propositalmente pequena e vermelha.
         - Vai ficar aí parado, encarando? – Eu perguntei, enquanto me encostava no sofá e brincava com uma mecha do cabelo. Ele me olhou e sorriu, bastante safado. Levou as mãos até as minhas coxas e as apertou, subindo as mãos aos poucos para a lateral da minha calcinha e sua boca para a minha, beijando-me com vontade, como se fosse me comer. Seus lábios eram rápidos, cobriam os meus, sua língua passava pela minha como seduzindo-a e suas mãos se prenderam na minha roupa íntima, prontas para puxá-la. Eu separei o beijo com dificuldade, mas ele não parou. Seguiu seus lábios para meu queixo, meu pescoço, enquanto eu falava:
         - Eu estou em desvantagem – Ele riu abafado rapidamente no meu pescoço.
         - Não seja por isso – E com uma rapidez impressionante, assim que ele respondeu, desabotoou a sua bermuda e tirou-a, junto a sua cueca. Eu apenas acompanhava e não pude ter uma visão detalhada de todo o... equipamento, mas pra quê? Eu não queria exatamente olhar aquilo. Ele voltou ao que estava fazendo então: as mãos na minha calcinha, os lábios em meu pescoço e assim o senti descer a minha última peça de roupa, até chegar aos meus pés. Quando ele retirou, eu não esperei por sinalização ou permissão, deitei-me no sofá e esperei que ele viesse. E ele assim o fez, deitando por cima de mim e colando nossos corpos. Eu senti um arrepio ao ter sua intimidade em contato com a minha daquela forma, o que só me fez querer mais dele. Ele me encarava, descendo uma das mãos pelo meu corpo e parando a outra em meu rosto. Ele segurou seu membro e deixou-o já em posição. Bem em cima da minha intimidade, sem penetrá-la, pois antes veio até meu ouvido e sussurrou:
         - Você quer isso tanto quanto eu? – Mordi meu lábio, seu hálito quente, seu membro já pronto e quase lá, ele devia estar brincando comigo, eu não poderia aguentar.
         - Ainda mais – Eu respondi e sem pedir permissão puxei seu corpo para o meu fazendo com que ele me penetrasse de uma vez, soltando um grito de dor e prazer. Certo que eu esperava um pouco menos, mas eu conseguiria aguentar, era como me sentir completa. Ficamos um tempo apenas nos olhando, eu sentia meu corpo pulsar junto ao dele. Aos poucos ele começou a se mover, segurando no sofá ao meu lado, sem desgrudar os olhos dos meus. Eu tentava fazer o mesmo, mas era complicado pelo tanto que eu precisava aguentar. Fechei os olhos e mordi os lábios, soltando um gemido baixo.
         - Quer que eu pare? – Ele perguntou, mas eu fiz que não com a cabeça e abri os olhos. Minha boca estava entreaberta e o encarei, firme. Percebia cada movimento, indo e voltando e comecei a me acostumar com tal sensação. Ele levou uma das mãos para o meu rosto e tirou fios de cabelo que insistiam em cair na minha testa. Ele se movia com carinho e eu prendi minhas pernas entre seu quadril, fazendo com que ele se movesse um pouco mais rápido. Ele entendeu e sorriu, aumentando o ritmo, me fazendo piscar por alguns segundos a mais. Sorri fraco e abri os olhos, soltando um suspiro baixo enquanto sentia seu membro entrar e sair de mim. Levei minhas mãos para suas costas e cravei minhas unhas ali quando senti que ele começava a se mover ainda mais rápido, involuntariamente. Ouvi um gemido vindo dele e aquilo me deixou ainda mais excitada. Encarei-o e ele estava com os olhos fechados, com a boca entreaberta e concentrado em mover seu membro dentro de mim. Senti meu corpo arrepiar com a visão e eu levei uma das mãos ao sofá, sentindo minha intimidade começar a se contrair timidamente. Ele abriu os olhos e voltou a me encarar, agora com um sorriso entre os lábios. Meu corpo tremia e eu sentia que minha respiração não estava nem um pouco normal. Eu precisava de ar, mas ao mesmo tempo eu não queria nem um pouco. Eu queria aquele momento e Josh ali comigo, pra sempre. O senti parar de se mover de repente e me encarar, tirando todo o seu membro de dentro de mim. Por uns instantes fiquei sem entender, mas não demorou muito para que ele colocasse tudo de uma vez novamente e começasse uma nova sequência muito mais violenta. Fechei os olhos e não pude conter o grito, mas ele pareceu não se importar. Não que eu quisesse que ele parasse, mas ele ia forte, saindo quase que por completo de mim e voltando, como se fosse muito natural. Seus lábios agora desceram para os meus seios e ele começou a chupá-los com força, mordendo os mamilos enquanto não parava de se mover com rapidez. Minhas mãos em suas costas o prendiam a mim o máximo que conseguia, mas meu corpo já estava suado assim como o de Josh e elas sempre escorregavam. Meus gemidos foram ficando mais altos e com menor intervalo de tempo, eu sentia Josh parar de chupar meus seios para soltar gemidos roucos e morder os lábios, em seguida me encarando e voltando a brincar com eles e aquilo já estava indo bem longe. Senti arrepios me consumirem aos poucos e minha intimidade se contrair com mais vontade na dele, com espaços de tempos mais curtos. Até que senti o corpo de Josh parar e suas mãos irem até minha cintura, apertando com força. Soltei um gemido alto ao sentir seu líquido jorrar dentro de mim e, quase que automaticamente, senti meu corpo inteiro se contrair ao máximo e em seguida minhas pernas perderem a força.
         Ficamos parados por alguns momentos, sentindo nossas respirações se acalmarem. Quando resolvi olhá-lo, percebi que ele tinha o cabelo molhado, assim como todo o seu rosto que estava bastante vermelho. Sorri com a visão e passei a mão por suas bochechas, acariciando sua pele branca e macia. Ele sorriu, me encarando.
         - Não podia ter sido melhor – Ele sussurrou, com um meio sorriso nos lábios. Eu sorri junto até que seu rosto se modificou, numa cara que parecia quase pavor. – A gente não usou...
         E por um momento eu vi, criancinhas branquinhas com os cabelos lisinhos caídos na testa, correndo por aí, com as bochechas rosadas. Elas teriam os olhos dele... Eu não me importaria se saíssem completamente ao pai. Não me importaria de nada daquilo e meu coração parou por um momento também. Eu não me importaria se Josh e eu fossemos uma família, de que ele fosse o pai dos meus filhos. Eu já estava mais do que envolvida. Mas eu já tive essa conversa comigo mesma e não precisava me enganar. Eu sempre quis! E fingir que não me importava, dar patadas e afastá-lo só me fez perder um tempo precioso.
         - Eu tomo remédios, Joshua – Eu disse, com a minha melhor cara de confiança, como se fosse tão rebelde a ponto de entender sobre métodos contraceptivos como ninguém. “Transar com camisinha? Meu amor, isso é tão out”. Mas eu não era assim, não mesmo. Eu só precisava sempre fingir que era: fingir que era forte, fingir que era revolucionária, fingir que não queria... Pra parecer que eu era alguém e não a idiota que sou de verdade. A idiota apaixonada, pelo que pude constatar agora. E naquele momento parei pra pensar: Depois do que aconteceu, o que éramos afinal? Tínhamos ido muito longe pra sermos só amigos.
         - Josh... – Resolvi perguntar. Eu precisava tirar aquela dúvida. Éramos o quê, afinal? Nos beijando pra lá e pra cá e por acaso fazendo sexo no meio da minha sala de estar... Era um momento, eu deveria perguntar?
         - O quê foi, linda? – Ele perguntou, mexendo no meu cabelo desarrumado. Foi um minuto de silêncio, até que eu reorganizasse minhas ideias.
         - Não, nada... – Ai, como eu era imbecil. Mas eu não poderia fazer isso. Não poderia bombardear o garoto com propostas de namoro. Ia ser como se eu estivesse pedindo, como se eu fosse carente. E até parece que era como se eu não conhecesse a ideia de transar sem compromisso. Bem, pelo perfil das pessoas com quem eu andava, vocês já podem imaginar as coisas pelas quais eu passei e as coisas que eu já presenciei. Mas não com Josh, com ele sempre foi diferente. Mas eu sempre batia na mesma tecla, aquela que me prendia: Fingir. Era o que todos precisavam pensar de mim: Eu era forte, eu era desprendida. Até agora ele sabia que eu queria ele na minha vida, como meu amigo, o melhor de todos, como sempre foi. Eu queria Josh e estava disposta a fazer tudo por ele, mas que ele não pensasse que era a minha única opção.
         - Nada? – Ele me perguntou, levantando uma sobrancelha. Já estávamos deitados a um bom tempo, ele por cima de mim.
         - Só queria dizer que... – Respirei – Foi incrível – E lhe dei um selinho.
         - Sabe... – Ele falou, assim que terminamos o beijo – Você ainda não me mostrou o seu quarto!
         E entendendo o que ele quis dizer eu sorri, o empurrei para o lado e corri - do jeito que vim ao mundo - escada a cima. 

Conserto de um Erro


            Eu me sentia uma idiota. Parada no terraço, era horário de almoço. Quando eu levantei já arrumada e disse para a minha mãe que precisava ir à escola, mas não para assistir aulas, foram duas reações: A primeira foi de susto, ao me ver com um vestido florido, onde um tom de rosa fazia parte da cor. Eu usava óculos escuros, um sapato preto de salto e a saia era rodada, realmente, eu parecia uma menina. A segunda foi de indignação, dizendo que por ordens médicas eu deveria estar repousando. Não foi preciso uma grande briga, eu apenas a lembrei o que havia ocorrido na última vez que seguira ordens médicas tão ao pé da letra e insisti que estava bem, que só precisava dar um recado alguém e que esse recado não poderia esperar. Depois de muito respirar e contar até 10, ela deixou que eu saísse e eu fui correndo até o prédio.
         Como tinha planejado, eu mostrei o atestado a coordenadora e apenas pedi que fosse entregue o bilhete a Josh Hutcherson, que era urgente e confidencial. Assim que saí da sala, porém, corri pelos corredores vazios, me esgueirando para que ninguém me visse e subi até o terraço, um local onde quase ninguém frequentava por ser de difícil acesso. Eu descobri o caminho pouco antes de Josh ir embora. Descobrimos juntos na verdade e aquele local se tornou a parte mais importante da escola para mim depois que Josh fora embora, pois comecei a precisar passar mais tempo sozinha, pensando comigo mesma. Eu apenas esperava que ele não tivesse esquecido como chegar, mas eu duvidava que sim.
         Agora eu estava ali, num local tão comum pra mim, esperando por um momento tão importante. Eu estava muito nervosa, nem sabia onde colocar as minhas mãos, ou o que fazer. Eu havia chegado há 30 minutos, será que ele não viria? Ou será que leram meu bilhete e jogaram no lixo? Não. Se tivessem lido já teriam me tirado dali. Mas e se jogaram mesmo no lixo, sem entregar? Ou esqueceram? Incertezas, não saber o que estava acontecendo lá embaixo me deixava agoniada. Eu estava prestes a desistir quando ouvi passos na escada. Virei rápido para o lado de onde o som surgira e vi Josh sorrindo, vindo na minha direção, de braços abertos.
         - Ann! – Ele correu e me pegou num abraço. Seus braços envolveram a minha cintura, me apertando contra seu corpo e ele me levantou do chão, me girando no ar. Eu só conseguia sorrir, era bom sentir aquele abraço, aquele perfume.
         - Josh... – Eu sussurrei, com o rosto preso em seu pescoço, mordi meus lábios antes dele me colocar de volta ao chão.
         - Não sabe o quanto eu estava preocupado. Quando eu ouvi a ambulância parada na frente da sua casa, eu não sabia o que fazer – Ele falava tudo tão rápido que eu mal conseguia assimilar, fiquei olhando para seu rosto, cada detalhe, reparando tudo que eu tinha me recusado a ver até aquele momento. – Corri lá pra fora e quando vi que era você eu fiquei louco. Minha mãe me levou ao hospital logo depois pra te ver, mas você tava dormindo e...
         - Josh! – Eu falei, colocando um dedo sobre sua boca, para que ele parasse de falar. – Calma... Posso falar um momento? – Eu sorria. Ele me acompanhou.
         - Desculpa... Claro que... – Ele parou quando se afastou e viu como eu estava vestida. Suas sobrancelhas estavam juntas, sem acreditar – Onde está Mortícia Adams?
         - Gostou? – Eu ri alto e estiquei a saia do vestido, dando uma voltinha – Do meu novo look?
         - Você está... – Ele falou, me olhando de cima abaixo e eu pude perceber um suspiro – Perfeita!
         Eu corei imediatamente, e por um momento fiquei com medo de esquecer tudo o que eu estava preparada para falar. Eu estava nervosa há muito tempo e com ele tão perto, comecei a sentir que não conseguiria dizer tudo o que havia planejado. Respirei fundo e comecei a falar logo, antes que eu me arrependesse.
         - Josh, eu preciso te contar uma coisa. – Eu falei, mexendo nas mãos, hábito comum na maioria das pessoas quando estão nervosas e eu estava. Quase suava.
         - Tem a ver com a razão de você estar usando esse vestidinho? – Ele disse, e deu um passo na minha direção, com um sorriso no rosto. Eu dei um passo pra trás, não por não querer que ele se aproximasse, mas eu precisava da distância pra conseguir me concentrar no que eu diria.
         - Tem... – Eu sorri e passei a mão pelo vestido, olhando-o. Quando voltei o meu olhar pra Josh, ele encarava minhas pernas, sem pudor e eu ri alto por ter notado. Quando ele viu, percebi que corou e voltou a olhar pra mim, sorrindo.
         - Diga, então. – Ele falou, cruzando os braços.
         - Josh... Ontem eu passei mal e não foi por nada, não foi só um enjôo. A minha pressão não baixou, simplesmente – ele me olhava com atenção, parecia ouvir e assimilar cada palavra que eu dizia, esperava que sim, era bom que as coisas ficassem bem esclarecidas. Repetir podia ser complicado. – Eu e minha mãe discutimos.
         - Nossa, mas o que houve? – Ele esticou os braços, tentando me pegar num abraço de consolo. Eu sorri e peguei em suas mãos.
         - Eu descobri que eu fui uma idiota esse tempo todo. – Eu apertava as mãos dele com força – e você devia me odiar pra sempre!
         Ele deu um passo à frente, com um sorriso tão simples que me fez suspirar:
         - Eu nunca te odiaria...
         - Eu sei – eu respondi, puxando-o pra mais perto, deixando-nos a poucos centímetros um do outro – e você é um anjo por isso. Mas você devia mesmo me odiar...  Porque foi minha mãe que armou pra que não nos falássemos mais.
         - O quê? – Ele perguntou e eu expliquei detalhe por detalhe. Dizendo das cartas que ela escondia, dos presentes que ela não entregava... De tudo.
         - Teoricamente eu que te deixei. Era você que deveria estar vestindo preto há tantos anos e odiando o mundo – Eu falei séria, mas ele sorriu, o que me fez relaxar um pouco.
         - Não posso acreditar que ela fez isso... – Ele balançava a cabeça em negativa e tinha a expressão confusa demais. Era difícil acreditar, eu sabia, mas eu tinha cartas e provas. Ela havia confessado.
         - Ela diz que foi pro meu bem – Defendi – Ela não sabia mesmo o que estava fazendo, ela sempre foi assim... É o maior defeito dela... – Eu suspirei – Esquecer que o meu maior remédio é ela. E só ela... Me amando. – Não agüentei e segui para um pequeno canteiro, sentando próximo às violetas que ali estavam plantadas. Ele veio até mim e sentou ao meu lado, segurando uma de minhas mãos. – Mas já que estamos falando de amor...
         Ele afastou um pouco o rosto do meu, com cara de quem desconfiava de algo. Eu sorri de canto e olhei para o chão, batendo meus saltos no chão. Pensei que ele fosse comentar, mas Josh apenas ficou me olhando. Decidi continuar.
         - Eu só queria pedir desculpas... – Eu o olhei nos olhos, começando meu discurso – Queria dizer que durante todos esses anos eu precisei de você e eu senti a sua falta mais do que tudo nessa vida. Eu nunca menti tanto, ainda mais pra mim mesma, quando me convenci de que você não tinha efeito nenhum sobre mim, a verdade é que você é tudo – Eu apertei mais a minha mão na dele e aproximei nossos rostos. – E que depois de descobrir toda a verdade eu estou muito arrependida por ter sido tão cabeça dura esse tempo todo. – Eu abaixei meus olhos e o senti seguir meus movimentos com a própria cabeça. – E que eu nunca contei, mas não dá mais para esperar... – Respirei fundo, o olhando nos olhos depois de uma pequena pausa. – Eu quero ser sua amiga, eu quero estar com você e eu não me importo se você é do time da escola ou não, eu só quero você, do jeitinho que você é e sempre foi. Eu só quero que você nunca mude, por favor! – Nossos olhares juntos, eu não conseguia piscar. Já estava implorando com as palavras para que ele não recusasse o pedido mais profundo da minha alma. Eu sabia que tinha sido uma grossa, tinha provado que minha mãe era uma louca, além dos altos e baixo que toda a nossa história já tinha por si mesma. Qualquer pessoa em sã consciência precisaria de um tempo pra pensar e se afastaria. Mas aquela não era qualquer pessoa. Na minha frente estava Josh, o meu melhor amigo de todo o mundo.
         - Ann, você... – Ele tentou falar, mas eu o interrompi.
         - Por favor, não diz nada. Eu não terminei. – Eu falei, soltando nossas mãos e pedindo com gestos para que ele parasse. Ele obedeceu.
         - Claro, certo... Diga o que falta. – Ele pediu, paciente. Eu estava receosa, mas precisava fazê-lo. Cheguei meu corpo, colando ao dele e levei as minhas duas mãos ao seu rosto. Com calma, porém numa velocidade que não dava a ele a opção de negar eu juntei nossos lábios. O beijo era lento, e minhas mãos estavam paradas em seu rosto. Aos poucos senti as mãos dele por cima das minhas e começou a acariciá-las. Nosso beijo foi ficando mais intenso, porém não mais rápido. Parecia que o mundo se movia da mesma forma. Ele então tirou as mãos das minhas e passou para as minhas cinturas, me puxando pra perto de si e me fez parar o beijo, fazendo com que eu me sentasse em seu colo. Ficamos um tempo nos olhando e trocando sorrisos bestas. Bem, ele tinha os olhos em mim e parecia viajar e eu não devia estar diferente. Levei minha mão aos seus cabelos e comecei a fazer carinho, devagar.
         - Se isso for um sonho – Ele disse, enquanto sentia seu nariz passar pelo meu pescoço rapidamente, afastando-se logo em seguida – Por favor, não me acorde.
         Eu sorri, antes de perguntar:
         - Isso é um sim a esquecer isso tudo e, por favor, me fazer feliz? – Puxei levemente seu cabelo, para que seu rosto virasse para mim. Ele fez uma cara de quem fingia dor e sorriu pra mim.
         - E você ainda tem dúvidas? – Ele apertou minha cintura, fazendo com que eu chegasse meu rosto mais perto do dele. Em seguida segurou o mesmo, com carinho. – Agora vem pra cá! – E cobrindo meus lábios com os dele novamente, me fez fechar os olhos.

         Já eram 10 PM e meus pais estavam na sala assistindo TV, fora a hora que combinamos pela manhã. Depois que nos beijamos mais uma vez no terraço, eu disse que precisava ir para casa e que descobririam que ele tinha saído se ele se atrasasse para a aula, então marcamos de nos ver por esse horário, no telhado do meu quarto – o pequeno espaço que eu tinha na sacada da minha janela. Depois do almoço acabado e algum tempo para garantir segurança, eu desci e me esgueirei novamente até a saída. O dia passou devagar depois daquilo, eu só esperava que as horas voassem e chegasse logo o horário marcado, e naquele momento – quando meu celular despertava marcando os benditos números – eu estava mexendo no cabelo compulsivamente, para que meu rabo de cavalo ficasse aceitável. Foi quando ouvi a famosa pedra bater na janela. Era ele.
         Corri e abri, pulando para fora. Sussurrei com cuidado, para que ele ouvisse, porém meus pais não.
         - Usa a grade! – Como eu havia feito no domingo. E lá vinha ele, subindo, foragido, pelo arranjo de plantas da minha casa direto para o meu quarto. Quando chegou perto, eu lhe dei uma mãozinha e ele sentou ao lado de onde eu estava. Fazia tempo que não sentávamos os dois juntos ali, e éramos muito menores. Por um momento fiquei com medo que aquilo caísse, mas logo tirei a ideia da cabeça. Minha mãe tinha subido mil vezes para tirá-la de lá depois de uma briga, ou coisas do tipo... Talvez ele agüentasse mais do que ela imaginava.
         - Sentiu minha falta? – Josh sorriu, convencido, assim que eu me acomodei ao seu lado. Eu o olhei de canto, com desdém.
         - E desde quando eu sinto falta de algo? – Peguei a pedrinha que ele havia jogado e que pousara ali, jogando do outro lado, próxima a janela dele.
         - É, eu notei isso... – Josh respondeu, com sarcasmo. Eu apenas sorri. O clima não estava tão frio, mas meu short deixando a minha perna descoberta faziam com que eu sentisse e me arrepiasse com cada brisa. – Vem cá... – E sem nem me perguntar passou os braços pelos meus ombros, me puxando mais pra perto. Uma de suas mãos acariciava meu braço e a outra estava em minha perna, espantando o frio. Minha cabeça recostava em seu peito e ficamos uns momentos em silêncio.
         - Conte-me sobre Los Angeles. – Eu quebrei, fazendo o pedido.
         - Mas eu já te contei basicamente tudo... – Ele disse. Não olhava pra mim – Era do time de basquete. Eu tinha uns amigos muito legais. Viajei bastante com o time, ficamos em terceiro nas nacionais...
         - Mas eu quero que me conte tudo! – Eu segurei seu rosto, fazendo-o olhar pra mim, com as mãos no seu queixo. Ele me encarou, sério – Me fala das suas experiências, casos engraçados... Seus romances. – Eu desviei o olhar ao dizer as últimas palavras. Senti seu corpo relaxar e ouvi um riso abafado vindo dele.
         - Quer saber das meninas com que saí? – Ele perguntou, sorrindo pra mim como se eu fosse uma criança que foi pega fazendo algo errado e muito engraçado.
         - Ah, não me olha assim. – Eu me desvencilhei de seus braços e coloquei minhas pernas junto ao corpo e pousei meu queixo sobre os joelhos – eu quero saber suas intimidades, só isso... Ficamos distante um bom tempo.
         Ele continuava a me olhar daquele jeito, mas não por muito tempo. Logo ele virou seu olhar para a janela de sua própria casa e começou a falar.
         - Eu só tive uma namorada séria – Ele me olhou... – se é isso que você quer saber – ... E voltou a olhar para frente – O nome dera era Loreen e ficamos juntos por dois anos.
         - Dois anos? – Eu me assustei. Era muito tempo. Ele devia amar mesmo a menina. Aquele pensamento fez meu estômago se contrair, parecia que algo tinha me atingido em cheio, bem na barriga, mas me mantive quieta. – Por que vocês terminaram?
         - Eu voltei pra cá... – Ele me olhou e sorriu de canto, como quem não ligava. Eu mordi meu lábio, olhando para o telhado e ele percebeu meu desconforto. Parecia ler minha mente melhor do que eu mesma. – Não foi importante...
         Eu levantei meu olhar e o encarei. Ele continuou:
         - A gente tava junto porque eu era o capitão do time... Ela era a capitã das cheers... – Ele levou uma das mãos ao meu rosto, acariciando levemente. – Ela era uma ótima garota, mas era conveniência.
         - Sapatos caros... – Eu ri, olhando para o chão.
         - Isso mesmo... E sabe que eu não sou assim. – Ele puxou meu rosto e me deu um selinho demorado, que me fez sorrir.
         - Mentira – Eu passei meus braços por cima de seus ombros – Você é exatamente assim...
         - Cala a boca! – Ele brincou e sem mais me beijou. Estávamos os dois sentados, um de frente para o outro e a posição era até um tanto desconfortável, mas não havia problema. Não se eu estivesse em seus braços. Os lábios dele eram sempre muito gentis e brincavam com os meus como se tivessem nascido para fazer isso. Minhas mãos passeavam pelo cabelo dele, mexendo e acariciando, sentindo seus fios lisos. Mais um pouco ele me puxou para mais perto e eu coloquei uma perna de cada lado do seu corpo, sentando em seu colo. O beijo foi ficando mais intenso, meu corpo colado no dele podia sentir nossas respirações aumentarem o ritmo. Segurei firme em seu cabelo e senti as mãos dele subirem por dentro da minha blusa, levantando a mesma. Desci uma das mãos de seu cabelo e levei até sua blusa, puxando-a e fazendo com que seu corpo ficasse ao máximo em contato com o meu. Eu o queria, queria mais dele. A mão livre de Josh desceu para a minha bunda e ele a empurrou, fazendo com que meu corpo passasse pela intimidade dele com força. Gemi baixo entre o beijo, voltando com as mãos para a nuca dele, puxando seu rosto para mim. Quase nos engolíamos, eu sentia o calor subir pelo meu corpo rapidamente. Comecei a me mover involuntariamente e eu senti algo crescer dentro de sua calça. Josh puxou meu lábio inferior, me fazendo tremer quando tocou meu quadril de novo, como um pedido para que eu continuasse o movimento. Mais alguns segundos ele me deitou de supetão, ficando por cima. Parando os beijos, descendo os lábios pelo meu pescoço, ele tinha as pernas entre as minhas. Sentia seu corpo passar pelo meu de maneira sutil, ele estava muito excitado e eu também. As mãos dele começaram a subir minha camisa, e eu sentia o vento bater na minha barriga nua, enquanto suas mãos também geladas passavam por ela. Ele iria tirá-la, ele queria, eu sabia.
         - Josh, assim, não... – Eu falava com dificuldade enquanto ele continuava a beijar meu colo.
         - Sim, sim... – Ele dizia, entretido em apertar minha cintura e voltar os beijos pelo meu pescoço.
         - Não! – Eu o afastei – Estamos no meu telhado, meus pais estão acordados. – Eu sorri de canto enquanto passava a mão pelo seu rosto – É perigoso...
         - Ok. – Ele suspirou, também sorrindo, mas desviando o rosto, um tanto decepcionado.
         - Sábado... – Eu disse, fazendo com que seu olhar voltasse pra mim – Meus pais viajarão. Terei a casa toda pra mim no final de semana. – Ele me olhou como quem tinha entendido – Vem assistir a alguns filmes comigo?
         Um sorriso se formou nos lábios dele e eu sorri junto. Não precisamos dizer mais nada, ele apenas encostou seus lábios nos meus e voltou a me fazer perder os sentidos.